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sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Cansado demais para continuar ?

Cansado demais para continuar? Encontre o descanso no alto de uma montanha, por meio das nuvens, ao redor dos perfumes das flores. O amor está lá com suas mãos estendidas. Quando o mar da solidão submergir as tuas forças, saiba que até no fundo do oceano é possível encontrar o consolo, a paz, a leveza. Quando os pés já não derem mais os passos brandos, encontre a tenuidade surgindo por entre os raios de sol de uma manhã que anuncia a grandeza de quem olha por ti. O socorro está lá: ao andar pela rua sentindo os ventos anunciando que o melhor está por vir. Ao ouvir o canto dos pássaros, sabendo, deste modo, que a melodia do amor, da fé e da esperança não foi perdida. Que ela ainda toca aos nossos sensíveis ouvidos e que um porto ainda lhe espera na praia esperando você ancorar a tua garra e força, enquanto vai deixando os medos e os anseios serem levados pela maré. O que vem virá. Por mais que o ponteiro gire com o tempo demorando a passar. Por mais que o céu escureça e o amanhã de sol não chegue, ainda que a terra trema, que a angústia se instale, que o medo impeça de continuar os passos. Olhai para o infinito! Quando os muros forem muito altos, quando os abismos forem muito fundos e a voz não ressoar. Existe saída. Mesmo que o desespero diga que não exista nada ou ninguém que possa ajudar. Ao coração ferido que não consegue mais acreditar no amor, ao casamento que se esforça para não acabar, aos vícios que te derrubam todas as noites, ao que esconde suas cicatrizes por baixo de mangas longas, ao que se sente só. Você sente que não há saída. Você chora, cai e tenta orar. A força se esvai. Mas há um amigo na solidão. Você não está sozinho em sua vergonha. Quando o mundo caí sobre suas costas, ele te diz que venceu o mundo. Quando tudo for pesado demais, as mãos que fizeram o universo, te ajudam a carregar o fardo. Quando se sentir afogando em dor, a mão que fez a vida, te faz reviver. Aceite-o. Dê um passo, ainda que tudo seja escuro agora, Ele não vai te deixar cair. Grite. Chore. Derrame-se. Ele está ouvindo a oração. Ele está vendo as lágrimas. Ele chama por você.

- Igor Salles & A menina e o violão.

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Por favor

"Por favor, não pense que quero esconder de vocês todos os meus defeitos. Sou a pessoa mais defeituosa do planeta inteiro, tenho muito o que remendar, costurar e trabalhar para crescer e tentar ser alguém melhor a cada dia. Só não quero que você veja o quanto, muitas vezes, sou fraca, criança, desorientada e frágil. Não quero que você saiba como eu preciso de um carinho, de uma palavra amiga, de um apoio, de um empurrão e de um amparo. Não quero que você imagine que tudo isso que pareço ser, forte, resolvedora de pepinos cabeludos, ajeitadora de problemas e organizadora de bagunças, é ilusão. Sou uma criança que chora compulsivamente, uma campainha que toca estridente, um caminhão desgovernado que buzina freneticamente, um trovão em uma noite quente, um furacão que destrói cidades, um grão de areia perdido em uma praia cheia. Não quero que você me olhe com pena, me dê a mão por compaixão e muito menos fique por achar que não vou suportar sua ausência."
- Clarissa Corrêa.

domingo, 25 de janeiro de 2015

Perguntaram para mim ...

"Perguntaram para mim: “por que eu não tenho namorado? Algo em mim repele os homens? Sou uma mulher embargada? Há uma placa de ‘proibido estacionar’ em minhas costas? Me diga!”. Olha, eu não sei porque não tem namorado. Honestamente.
Poxa, come batata frita, torta de limão, churrasco e trufa de leite condensado. Ok, a alcunha de magricela, cabo de vassoura ou Olívia Palito nunca lhe serviram, talvez. Urros sobre sua suposta suculência não tem advindo de prédios em construção, quiça. Quem sabe não fica bem de “tomara-que-caia”, tropica no salto agulha, não combina numa minissaia. Mas desbanca a miss Venezuela num vestido primaveril, pisando numa rasteirinha prateada, com o cabelo preso naquele lápis cor-de-rosa, soprando a franja pra cima no calor. Não vai me acreditar, mas tu é bonita.
Tu passa longe de uma Fernada Young, uma Lia Luft, uma Sandra Werneck. Mas tu é inteligente à sua maneira. Assiste novela, mas não comenta a vida dos personagens. Gosta da Clarisse, da Cecília, da Martha. Curte o Tom, a Adriana, o Nando, a Zizi, o Cazuza. Trabalha, suspira, trabalha, checa as unhas, trabalha, sonha, trabalha, belisca uma água-e-sal, trabalha e um colega te olha. E te acha bonita idem. E também se intriga com sua solteirice.
Tem princípios iguais os da mãe. Mas se acha careta, às vezes. Não cede, mesmo só. Adora sexo, embora não faça com a mesma frequência do desejo. Se faz não vibra na mesma frequência que o parceiro. Sente raiva por ser secretamente boba, romântica e demode. Se derrete mais rápido que o sorvete napolitana na xícara de sopão quando a mocinha diz “você me fez acordar com um sorrisão no meu rosto”. Chora na frente de ninguém, ai de ti se mais alguém souber. E você não vê a hora de um príncipe encantado por te libertar esse riso largo atrofiado, mas sabidamente bonito.
Tem umas esquisitices. Dorme de edredom e ventilador, coleciona esmaltes, cerra as pernas quando sentada e fica coçando o joelho com uma das mãos enquanto a outra segura a cabeça pelo queixo, ensaia dança do ventre pro espelho do banheiro, faz duas vezes antes de pensar, tem uns “nhe-nhe-nhê” de mulherzinha, mas qual não tem? É até bem charmoso. Nada tão relevante quanto sua forma meiga e carinhosa de perguntar “tu tá bem?”. Nada mais importante que teu ímpeto de cuidar dos outros. Nada que mude minha convicção de que tu é bonita.
O que te falta? Falta tu mesma se convencer do que te falo com certeza. Tu merece alguém que abra os olhos diariamente e pense: “cara, eu tô com ela, eu sou o namorado dela!”. Que goste da tua boca, do teu ombro, do teu cabelo bagunçado, do teu calcanhar, da tua cintura, das tuas mãos, do cheiro da tua pele, das sardas do teu rosto. E isso vai acontecer naturalmente ao se dar conta de que tu é bonita, no âmago e na lata. Eu acho, teu ginecologista também, o colega de trabalho assina embaixo. Um dia serás o amor da vida de alguém, do jeito que tu é. Falta tu. Acorde hoje e repita: “eu sou bonita”.
Gabito Nunes

Guimarães Rosa

“Amor vem de amor. Vem de longe, vem no escuro, brota que nem mato que dispensa cuidado e cresce com a mais remota chuva. Vem de dentro e fundo e com urgência. Amor vem de amor. Que não cabe, mas assim mesmo a gente guarda. A gente empurra, dobra, faz força, deixa amassado num canto, no peito, no escuro, dentro, ou larga pegando sereno. Amor vem de amor. Vem do pedaço mais feio, do mais sem palavra, do triste, vem de mãos estendidas. É tecido desfeito pelo tempo, amarelecido pelo tempo, pelo cheiro da gaveta fechada, pelo riscado do sol na madeira. Amor vem de amor. Vem de coisa que arrebata, vira chão, terra, cisco, resto, rastro, coisa para sempre varrida. É delicadeza viva forte violenta. Que faz doer, partir, deixar caído. Amor vem de amor. E dói bonito.”
— Guimarães Rosa

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

O problema não é você

Você sente mais do que quer demonstrar, eu sei. Você engole o choro, disfarça o medo, finge que nada te atinge. Quando se permite chorar, ninguém vê. Você é o que ficou depois da tempestade, é quem nadou até o fim mas morreu na beira da praia, ali tão cansado que não conseguiu perceber que a maré sempre sobe, sempre apaga o que foi escrito na areia, no passageiro, no transitório. Você tem medo da felicidade porque já provou tristeza demais. Você tem medo do verdadeiro, porque depois de provar de tanto cinismo, a gente desacostuma a acreditar. Eu não sei de muita coisa nessa vida, mas sei como as decepções mudam a gente. Passei um tempo me culpando por ter sido ingênua, por ignorar os sinais, relevar o que fazia sangrar. Hoje, não! Não é culpa minha. Ei, presta atenção em mim: não é culpa sua. Ser bom não é ser idiota. É isso que você tem: um bom coração. E não deve se maltratar por isso, pois isso é o certo. E o ato errado é errado mesmo que todos estejam fazendo-o. O mundo tá lotado de gente ruim. Gente que engana, mente, espalha, e dorme com a consciência tranquila. Como conseguem? Não sei e nem quero saber. Só quero que saiba: o problema não é você.

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Então eu decidi

“Então eu decidi me sentir culpada pela ultima vez, abandonei esperanças, vida social, cachorro, peixe, família, e fui viver. O sol ardeu nos meus olhos, depois de tanto tempo no escuro, vivendo um tipo de amor que consome, doente, cego, estático, cru. Amor pra ser amor tem que deixar marcas, e cicatriz não é marca. É sinal. Sinal de que alguma coisa deu errado, mas você sobreviveu. E a gente deu muito errado, deu erradíssimo, compreendeu agora? Eu passei mil e quinhentas vidas achando que o problema da nossa não-relação era eu. Que a culpa era minha, que a falta era minha, que os erros eram meus, tudo era meu. Você não era, entende agora? A gente nunca foi nada, eu sempre enxerguei isso, mas a esperança nas mãos erradas é um desastre, todo mundo sabe. Após meses ensaiando nosso discurso de despedida eu sufoquei com as palavras, e pude ver um filete de luz no fim do túnel, a esperança em deixar de viver com migalhas e passar a existir com porções generosas de carinho. De desamor eu só acumulei fraturas, resultado das rasteiras que você, a vida, o universo colocaram a prova em cada segundo que estivemos juntos. Eu acabei me acostumando a te usar apenas como uma muleta emocional, porque o amor, o amor mesmo já foi a óbito, faltava só a coragem pra lacrar a sepultura. E acontece que depois de passar muito tempo no escuro, você acaba achando que não merece alguns raios de sol, que a terra ficou estéril, que o zumbido no ouvido nunca vai passar. E aí passa. Assim, do nada. A gente treme as pernas umas duas vezes, mas começa a andar outra vez, e aprende a viver mais quinhentas mil vidas. Se reinventa, se recomeça, se precisa de novo e não para. Mesmo que o caminho continue escuro, que o cabelo esteja seco, que as curvas sejam só curvas, que o sorriso seja amarelo, que os olhos ainda estejam tristes, que a vida ainda seja oca. Quando a gente decide sair de um funeral, o luto passa. E a vontade de continuar morta, também.”

sábado, 17 de janeiro de 2015

Resumo

Você é covarde. Sei, é estranho eu escrever isso agora, mas eu prendi por tanto tempo. Você não vai ler. Não quero que leia, mas preciso escrever, pra esvaziar. Olha, eu sou cheia de defeitos. Eu, às vezes, sou intensa demais. Dramática demais. Eu fico mal humorada quando tem alguém estressado perto de mim, eu guardo pra mim muitas coisas e às vezes despejo as palavras sobre as pessoas. Ah, eu tenho tantos defeitos. Mas, olha, eu sou essa aqui que você tá vendo. Sem maquiagem no rosto ou no coração. Eu tenho coragem de ser quem sou e não finjo, não mesmo, por mais que isso machuque meu coração as vezes. É tudo um jogo, eu conheço as regras, mas me recuso a participar. Já levei tanta pancada por isso. Chorei bastante, mas fui forte. Caí e levantei, sem pisar em ninguém, ou dar rasteira nos sentimentos alheios. Você é covarde, porque o mundo está cheio de atores e você é um deles. Covarde porque sabe jogar esse jogo onde todos se beliscam e escondem. Covarde porque engana, porque mente. Porque eu tenho agora o coração quebrado, mas você tem um coração de pedra. Você é covarde, e eu sinto muito. Pois você precisa fingir ser alguém que não é, pra que alguém goste de você, e eu aprendi que é melhor ser odiado pelo que é, do que amado pelo que não é. A dor passou. Deu trabalho pra arrumar a bagunça que você fez, mas passou. Espero que um dia você mude. De verdade. É horrível ser como você. Não existe paz verdadeira em quem é de mentira. Sinto muito por você sentir tão pouco.

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Um texto sobre amor ...

Não quero alguém que morra de amor por mim... Só preciso de alguém que viva por mim, que queira estar junto de mim, me abraçando. Não exijo que esse alguém me ame como eu o amo, quero apenas que me ame, não me importando com que intensidade. Não tenho a pretensão de que todas as pessoas que gosto, gostem de mim... Nem que eu faça a falta que elas me fazem, o importante pra mim é saber que eu, em algum momento, fui insubstituível... E que esse momento será inesquecível... Só quero que meu sentimento seja valorizado. Quero sempre poder ter um sorriso estampando em meu rosto, mesmo quando a situação não for muito alegre... E que esse meu sorriso consiga transmitir paz para os que estiverem ao meu redor. Quero poder fechar meus olhos e imaginar alguém...e poder ter a absoluta certeza de que esse alguém também pensa em mim quando fecha os olhos, que faço falta quando não estou por perto. Queria ter a certeza de que apesar de minhas renúncias e loucuras, alguém me valoriza pelo que sou, não pelo que tenho... Que me veja como um ser humano completo, que abusa demais dos bons sentimentos que a vida lhe proporciona, que dê valor ao que realmente importa, que é meu sentimento...e não brinque com ele. E que esse alguém me peça para que eu nunca mude, para que eu nunca cresça, para que eu seja sempre eu mesmo. Não quero brigar com o mundo, mas se um dia isso acontecer, quero ter forças suficientes para mostrar a ele que o amor existe... Que ele é superior ao ódio e ao rancor, e que não existe vitória sem humildade e paz. Quero poder acreditar que mesmo se hoje eu fracassar, amanhã será outro dia, e se eu não desistir dos meus sonhos e propósitos, talvez obterei êxito e serei plenamente feliz. Que eu nunca deixe minha esperança ser abalada por palavras pessimistas... Que a esperança nunca me pareça um NÃO que a gente teima em maquiá-lo de verde e entendê-lo como SIM. Quero poder ter a liberdade de dizer o que sinto a uma pessoa, de poder dizer a alguém o quanto ele é especial e importante pra mim, sem ter de me preocupar com terceiros... Sem correr o risco de ferir uma ou mais pessoas com esse sentimento. Quero, um dia, poder dizer às pessoas que nada foi em vão... Que o amor existe, que vale a pena se doar às amizades a às pessoas, que a vida é bela sim, e que eu sempre dei o melhor de mim... e que valeu a pena.



domingo, 11 de janeiro de 2015

Digo e acredito

Digo e acredito: a gente precisa se perdoar. Depois da maldita palavra mal dita, depois da atitude não-pensada. Sei como é olhar pra trás e dizer: “como eu pude fazer isso?”. Sei que mesmo fugindo das lembranças, hora ou outra elas nos pegam num trecho de alguma música ou numa tarde de domingo, mas sei também que não vale a pena remoer algumas coisas. Se tem como consertar, porque se preocupar? Se não tem conserto, repito, de que adianta se preocupar? Tem o sentimento de culpa, eu sei. Mas todo mundo erra. Não que isso justifique todos os erros, estou falando de falhas de conduta, não de desvio de caráter. Mas insisto nisso: todos erram. Até você. Até quem você machucou. A gente precisa reconhecer isso. Reconhecer que erramos e que todo mundo erra. A gente morre todo dia quando não sabe se perdoar, o coração sufoca debaixo do cobertor da culpa.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Sobre...

"Vai chegar ao seu ouvido que eu me casei. Que ele é o cara que você nunca foi. De família boa e com um diploma pendurado no escritório. Vão te contar sobre nosso primeiro encontro e de como ele me conquistou com as palavras. Você nunca foi bom com palavras e eu sempre as amei. Escrevia cartas e implorava por respostas. Lembra? Não sei por que insistia em fazer com que você soasse poético como os caras dos livros que leio. Você era tudo, menos poético. Você nunca usou óculos ou camisas xadrez. Não sabia quem era Woody Allen e não se importava com o filme que seria lançado no mês que vem. Bem, você também vai descobrir que ele é tudo isso.
Vão te contar como eu estava bonita de vestido branco e você vai se lembrar dos planos que fazíamos mesmo sabendo que provavelmente não dariam certo. Planos nunca dão certo e eu aprendi isso com você. De tanto planejar nossa vida a dois, acabamos os dois sozinhos. E tudo bem porque eu segui em frente. E você seguiu em frente. Vai chegar a você que ele faz de tudo por mim. Largou o emprego e foi morar comigo em Londres porque eu finalmente iria realizar meu sonho. Pois é. Vai chegar a você que quase todos os dias ele leva um chocolate para mim. E ele acha que eu os como. E você vai se lembrar de que eu odeio chocolate. E vai rir. Com aquela gargalhada gostosa que costumava preencher minhas tardes. E vai ter certeza que os jogo todos no lixo. E vai rir mais um pouco.
Vai chegar a você que eu estou feliz. Bem casada. Realizada. Com dois filhos e sempre com um sorriso no rosto. E você vai saber. Vai se lembrar que sempre sorrio porque não gosto de parecer frágil. Vai se lembrar que coloco em primeiro lugar a felicidade dos outros e que se dane a minha. Vai se lembrar que meus pais sempre quiseram que eu me casasse com um cristão. E você vai saber. Que mesmo eu tendo tudo isso, eu ainda prefiro você."